SuperCaixa, superdifícil: resultados consolidados até outubro projetam apenas 40% das agências e PAs habilitados
Julho trouxe o SuperCaixa, que a cada mês torna a comissão pela venda de produtos mais distante e complicada para os empregados da rede
A comissão pelas vendas de produtos, vista pelos empregados como forma de reconhecimento, e que tinha seu pagamento esperado após apurações trimestrais, está cada vez mais distante e complicado.
O modelo apresentado neste segundo semestre, batizado pela direção do banco de SuperCaixa, estabeleceu que estes pagamentos passariam a ser feitos semestralmente (portanto, deixando-os mais distantes), e trouxe inúmeras restrições para habilitar os empregados a receber a devida remuneração pelas vendas dos produtos de seguridade que fazem no dia a dia (novas condições que deixam o acesso ao direito mais complicado).
A mudança na alteração do período de pagamento da remuneração (antes trimestral, agora semestral), traz como consequência adicional a redução no valor recebido pelos empregados. Foram mantidos parâmetros através do Times de Vendas (TDV), que apura gatilhos e apresenta classificação de unidades e empregados, com a imposição de mais regras no regulamento, tornando mais difícil a habilitação ao programa:
– exigência da superação do 100% no Resultado.Caixa (apurador de metas da unidade) na unidade/agência;
– exigência de 100% na média do semestre quanto ao item Negócios Sustentáveis (indicador que mensura a qualidade das vendas);
– exigência de 100% na média do semestre quanto ao indicador CSAT (indicador de satisfação do cliente relacionado a reclamações).
A habilitação ao programa exige o cumprimento de todos os requisitos para que os empregados estejam no “jogo”, mas a fotografia de hoje mostra a natureza excludente das regras definidas pela direção da Caixa: das 4.005 agências e PAs, há projeções de que apenas pouco mais de 1.600 delas atenderiam a todos os requisitos e estariam habilitadas para o SuperCaixa quando observados os critérios mencionados anteriormente, de acordo com os resultados consolidados de outubro de 2025. Ou seja, para os empregados de quase 60% das unidades, o esforço realizado não terá qualquer reconhecimento pecuniário por parte da empresa.
“Há sempre um contraste entre os resultados das agências/PAs frente à matriz. Embora mais de 40% das unidades não tenham alcançado a Alta Performance, o que impactaria diretamente no SuperCaixa, a Vivar chegou em 104,51%. Quando incluímos as notas de NS e CSAT, o número de equipes que seriam prejudicadas chega a 58% na imagem apurada no fechamento de outubro”, contou a diretora da Apcef/SP Fernanda dos Anjos.
O quadro de momento demonstra a injustiça do modelo, que, ao excluir mais da metade dos empregados da rede desvaloriza o trabalho realizado por eles. A injustiça se acentua quando lembramos que o repasse das comissões dos produtos comercializados é recebido pela Caixa independente dos chamados indicadores – empregados que estão no dia a dia e fazem as vendas – estarem habilitados ao programa. Outro fator de desequilíbrio do modelo: as chamadas unidades agregadoras também se beneficiam do trabalho de todos os empregados, independente destes estarem habilitados ou não.
“O conceito do regulamento expõe uma enorme contradição: enquanto as unidades agregadoras se beneficiam do trabalho coletivo, ao recebem parte das comissões inclusive das vendas realizadas por empregados das unidades não habilitadas, os colegas destas unidades, que construíram este resultado mas que não se tornaram elegíveis não recebem qualquer reconhecimento por seu trabalho”, critica o diretor-presidente da APCEF/SP, Leonardo Quadros.
“Além disso, há diversas distorções no regulamento, como penalidades que contam duplamente, à exemplo do item Negócios Sustentáveis, que já impacta a nota da unidade no Resultado.caixa, e consta também como um indicador independente, cuja nota mínima de 100% é obrigatória para a habilitação no programa. Na prática, o empregado acaba penalizado duplamente pelo mesmo motivo, o que é extremamente injusto e deve ser alterado. Esperamos que a direção da Caixa retome o diálogo conosco para implementar as necessárias mudanças no programa”, conclui Leonardo.
Muitos empregados da Rede apontam dificuldade nas metas de Crédito e Adimplência, essenciais para entrega dos objetivos do resultado.caixa. Qualificar-se para receber os valores devidos pelos itens comercializados durante todo o semestre se torna ainda mais complexo.
A insatisfação dos empregados é enorme. Em agosto, a Apcef/SP somou mais de mil respostas que apontam insatisfação e indignação com o modelo frente a pressão constante pela entrega de metas cada vez maiores. Estas metas maiores se refletem nos resultados da subsidiária: no balanço do terceiro trimestre deste ano, somente nas receitas de corretagem, o resultado já supera em R$ 203 milhões (ou 10,4%) as receitas obtidas no mesmo período em 2024. Na acumulação, formada por consórcio e capitalização, o crescimento das vendas foi ainda mais superlativo, correspondendo à uma variação de 35,4% e 23,9%, respectivamente, em relação à 2024. O lucro da Caixa Seguridade alcançou novo recorde, de R$ 3,219 bilhões até setembro, ante R4 2,598 bilhões no mesmo período de 2024, um aumento de 23,9%. Parece mesquinho não distribuir parte deste resultado com quem o construiu.
No última segunda-feira (03) a Caixa foi eleita a marca mais forte do Brasil (InfoMoney e TM20 Branding). É importante que esse prêmio se traduza na valorização dos empregados, grandes responsáveis por tornar a Caixa um exemplo de confiança e lealdade.
Um Super Caixa justo é parte desse reconhecimento.