O programa Desenrola Brasil, lançado no último dia (17), pelo governo federal, teve ao longo dos dias a adesão de mais instituições. São bancos e redes de lojas que passaram a oferecer descontos e prazos para as dívidas de seus clientes, para que recuperem crédito e possam sair de listas de devedores, como Serasa, por exemplo.
As dívidas acumuladas em cartões de crédito oferecidos por redes de lojas como Magazine Luiza, Extra, Ponto Frio, Marisa, Assaí e Hipercard, que são emitidos pelo Itaú, e da Renner, por meio da sua financiadora Realize CFI, também poderão ser renegociadas.
Os cinco grandes bancos Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF) já anunciaram a adesão ao programa. Graças à grande procura, a CEF, para atender à demanda de renegociações, abriu as agências com uma hora de antecedência na sexta-feira (21). O Banrisul, Daycoval, Inter, PagBank e Pan também confirmaram participação no programa.
Nubank
Depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que a negativação nos nomes de devedores de até R$ 100 subiria de 1,5 milhão para 2,5 milhões se o Nubank aderisse ao programa, o banco decidiu participar da iniciativa. Somente esta instituição financeira tem mais de um milhão de negativados.
Informações levantadas pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a partir das demonstrações financeiras do Nubank, mostram que os clientes do banco representam 46% da população adulta do país, e sua taxa de inadimplência com dívidas em atraso de mais de 90 dias atingiu 5,5% no 1º trimestre deste ano.
A inadimplência dos clientes do Nubank com renda de até um salário-mínimo (R$ 1.320), é de 7,4%; e na faixa de 1 a 2 salários mínimos (R$ 2.260) é 6,8% – acima da média geral. No cartão de crédito a inadimplência desses dois segmentos está em acima de 10%, enquanto no crédito pessoal supera 13%. Este é justamente o público-alvo da Faixa 1 do programa Desenrola.
Nível de endividamento
Como reflexo da política monetária do Banco Central (BC), que mantém a taxa básica de juro, a Selic, em patamar elevado (13,75%), as famílias brasileiras mantiveram o grau de endividamento em junho, segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
No mês passado o índice subiu em 0,2%, para 78,5% (estava em 78,3% em maio). Desse grupo, 18,5% dos consumidores dizem estar “muito endividados”, a maior parcela da série histórica, que começou em janeiro de 2010. Outros 12% dizem que não terão condições de pagar as contas em atraso.
O que parece uma estabilidade no grau de endividamento, na verdade, mostra o quanto a população está “enrolada” com carnê de loja, cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, empréstimo pessoal e financiamentos de casa e de carro, entre outras contas, que são impactadas pelos altos juros do BC.
Em 2012, no governo Dilma Rousseff, o índice de endividamento era de 58,3%. Em 2017, um ano após o golpe contra a ex-presidenta, o percentual subiu para 60,8%, mas a disparada ocorreu no governo de Jair Bolsonaro. Em janeiro de 2019, primeiro mês de seu governo eram 61,5% as famílias endividadas e chegou em dezembro de 2022 a 78% – índice que se mantém com pequenas variações.
Na avaliação dos técnicos do Dieese, subseção Contraf-CUT, “os juros elevados dificultam a melhora desse quadro de endividamento. O volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes em junho. Ou seja, a cada 100 consumidores com dívidas atrasadas, 46 possuem atrasos há mais de três meses”.
Para a economista do Dieese, subseção Contraf-CUT, Vivian Machado, levando-se em conta que grande parte dessas dívidas se torna impagável justamente por conta dos juros altos que se acumulam ao longo dos meses, o Programa Desenrola é importante na busca para diminuir o endividamento e a inadimplência das famílias. “A depender dos descontos negociados será uma iniciativa positiva para a população”, diz a economista, que reforça ser fundamental a redução efetiva das taxas de juros no país, para poder construir um caminho sustentado de recuperação da economia das famílias.
A média do valor do endividamento dos brasileiros é de R$ 4 mil, abaixo do limite de R$ 5 mil que poderão ser renegociados na segunda fase do Desenrola Brasil para pessoas com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.260), e que tenham sido negativas no período de 1º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2022. A dívida poderá ser parcelada em até 60 meses, com juros de 1,99% ao mês, a partir de setembro, de acordo com o governo federal.
Cuidado com golpes
A possibilidade de negociação tem feito pessoas caírem em golpes de quem envia links de internet, que oferecem condições de financiamento com descontos de quase 100%. As negociações com os bancos que aderiram ao programa são feitas apenas nas plataformas e nos canais oficiais dessas instituições, que esclarecem que não enviam links e ofertas aos clientes.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os criminosos usam técnicas para enganar o usuário para que ele forneça dados confidenciais, além de realizar transações financeiras para o golpista.
Trump ataca Pix por interesse bilionário em favor dos EUA contra os brasileiros
Justiça condena homem por racismo contra vigilante em agência bancária
Lei de Cotas para pessoas com deficiência completa 34 anos com avanços e desafios
Itaú anuncia substituição de gerentes por Inteligência Artificial
Impactos da IA são irreversíveis e exigem participação de trabalhadores para transição segura
Economus: Conselheiros eleitos cobram isonomia de direitos para todos os trabalhadores do BB
Nova Tabela PIP é aprovada pela Previc, após anos de reivindicação do movimento sindical
Dia Nacional de Luta em defesa do Saúde Caixa: Sindicato protesta por reajuste zero nas mensalidades e melhorias no plano
Confira entrevista exclusiva do diretor de Benefícios da Funcef à Fenae
Institucional
Diretoria
História
Conteúdo
Acordos coletivos
Galeria
Notícias