Na quinta-feira (30) aconteceu o segundo e último dia da 5ª Conferência Temática da UNI Américas que debateu a defesa dos direitos através da organização sindical e estratégias de luta para a construção do futuro da classe trabalhadora.
Os sindicalistas foram unânimes em ressaltar que a defesa e a conquista de direitos andam juntas com a defesa da democracia e o combate aos governos fascistas que, numa onda conservadora, tomaram conta de alguns países, incluindo o Brasil, nos últimos anos. Os participantes de diversos países como Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Estados Unidos, Brasil, entre outros, destacaram a retomada de governos progressistas em países importantes do continente americano e que isso é fundamental para a retomada do avanço dos direitos da classe trabalhadora, assim como da defesa dos direitos humanos, igualdade de gênero e direitos sociais.
À tarde, os sindicalistas debateram a organização dos trabalhadores durante a pandemia e nesse período pós-pandemia e como fizeram para negociar e manter acordos coletivos, conquistando novos direitos diante de novas formas de trabalho, destacando temas como saúde e segurança do trabalho.
A vice-presidente da UNI Américas e secretária geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro, destacou os desafios durante a pandemia. Segundo ela, “os sindicalistas tiveram que se reinventar e aprender a utilizar ferramentas que não tinham tanto conhecimento como videoconferências e redes sociais”, disse ela.
Neiva falou ainda do desafio enfrentado para representar todos os trabalhadores do ramo financeiro e citou um projeto para organizar os funcionários do setor de Tecnologia da Informação dos bancos, que apresentam um trabalho bastante técnico e que necessita de capacitação constante. Segundo ela, os bancos passaram a criar empresas de tecnologia para tentar terceirizar esses funcionários, impondo a eles um acordo menos vantajoso que a Convenção Coletiva dos Bancários. “Nós trabalhamos para representar os trabalhadores do ramo financeiro, incluir todos nos nossos acordos coletivos ou negociarmos os melhores acordos para eles e esse cenário atual é muito difícil num governo que não respeita a classe trabalhadora. Esperamos que com a eleição de um governo mais progressista, possamos construir uma organização mais forte desses trabalhadores”, concluiu.
“Esse foi um momento muito importante para a classe trabalhadora pois, desde que esse ‘desgoverno’ assumiu a presidência, nós, trabalhadores brasileiros, temos enfrentado uma verdadeira perseguição aos nossos direitos e aos nossos representantes – os sindicatos. O governo sabe que somos nós, os sindicalistas, que vamos para as ruas denunciar os desmandos, que vamos para a porta da fábrica lutar pelos direitos, que nos sentamos nas mesas de negociação para defender conquistas. Assim, é preciso primeiramente enfrentar o fascismo, defender a nossa democracia, para avançarmos na construção de uma sociedade mais igualitária”, avaliou o presidente da Fetrafi/NE e do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo.
“O poder de transformar a sociedade é o poder sindical e esse poder vem através da organização dos trabalhadores. Esse é o objetivo da UNI Américas”, finalizou o secretário regional da UNI Américas, Marcio Monzane.
Primeiro dia
Na abertura da Conferência, dia 29/6, estiveram presentes (pessoalmente ou através de videoconferência) algumas das principais lideranças do movimento progressista mundial, como o deputado federal brasileiro, José Guimarães, a ministra do Trabalho da Espanha Yolanda Díaz, a secretária do Trabalho do México, Luísa Maria Alcaide, Christy Hoffman, secretária geral da UNI Global e o presidente da Argentina, Alberto Fernandez.
“Precisamos construir sociedades mais igualitárias, isso quer dizer dar educação e saúde para todos. Isso é construir uma nova ordem mundial! Chegou a hora de elevar a nossa voz, de dizer chega e construir uma sociedade justa, de progresso social, de igualdade, de crescimento de trabalho”, disse o presidente argentino.
Falaram ainda o presidente da Força Sindical Brasil, Miguel Torres, o presidente da UGT Brasil, Ricardo Patah, o presidente da CUT Brasil, Vagner Freitas, pela CSA, Cícero Pereira da Silva, a vice-presidenta executiva SEIU Rocío Saenz, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira e o presidente da UNI Américas, Héctor Daer.
“Os bancos foram atacados pelo governo, limitaram os investimentos, colocaram o teto de gastos. Mas nós queremos avançar em uma reforma sindical para fortalecer os trabalhadores e trabalhadoras, somos resistência contra um governo fascista, homofóbico, misógino. A gente quer estar no movimento sindical para fazer a diferença!”, avalia Juvandia.
Atuação homenageada
Durante o encerramento da Conferência, Juvandia Moreira e Ivone Silva, coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, receberam o prêmio Rompendo Barreiras, pela atuação à frente do Comando durante a campanha salarial da categoria, realizada em plena pandemia, em 2020. O Comando negociou junto aos bancos, além da Convenção Coletiva da categoria, acordos coletivos que colocaram os trabalhadores em home office, com o objetivo de proteger vidas, além de todas as ferramentas necessárias para a realização do trabalho nesse período. Receberam o prêmio também representantes da Fresenius (Colombia) e H&M (Peru).
A deputada federal do Peru, Isabel “Chabelita” Cortez, recebeu o prêmio Livres de Temor, por sua atuação junto aos trabalhadores de teleperformance.
A Conferência
A 5ª Conferência Temática da UNI Américas aconteceu em Fortaleza-CE nos dias 29 e 30/6, reunindo mais de 600 dirigentes sindicais de 24 países, que representam 124 organizações de trabalhadores filiadas à UNI Global Union. A Contraf-CUT, uma das anfitriãs do evento, participa com uma delegação de cerca de 100 sindicalistas.
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