Conferência UNI Américas se encerra reafirmando luta coletiva por democracia, igualdade, diversidade, emprego decente e sustentabilidade
Confira tudo o que rolou na 6ª Conferência Regional da UNI Américas, concluída no último sábado (7), que contou com a participação de 600 delegados, 140 organizadores sindicais de 28 países do continente americano
Data: 09/12/2024 às 12:15
Fonte: Seeb/SP, com informações da Contraf-CUT e edição de Seeb Araraquara

A 6ª Conferência Regional UNI Américas encerrou-se no último sábado (7), após três dias de intensos debates, trocas de experiência e definição de estratégias de luta. Foram cerca de 600 delegados e observadores, representando 140 organizações sindicais de 28 países de todo o continente, reunidos em La Falda, província de Córdoba, na Argentina.

O movimento sindical bancário brasileiro esteve representado pela delegação da Contraf-CUT, com a presença da presidenta da Confederação e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira; da também coordenadora do Comando Nacional e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Neiva Ribeiro; da secretária-geral do Seeb/SP, Lucimara Malaquias e dos dirigentes sindicais Ana Beatriz Garbelini, Karen Souza, Edegar Faria, Mércia Oliveira e Matheus Pinho.

“Encerramos mais uma grande conferência com uma grande representação de sindicatos de todo o nosso continente americano. Debatemos grandes temas que têm impacto sobre a vida, o trabalho e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do setor de serviço. Pudemos trocar experiências sobre nossos setores, nossos países, compartilhar estratégias bem sucedidas de organização, sindicalização e enfrentamento aos ataques a nossos direitos e às nossas democracias”, ressaltou Neiva Ribeiro.

Ela lembrou que a 6ª Conferência Regional UNI Américas foi aberta na tarde de quinta 5, mas que os debates internacionais ocorrem em La Falda desde o dia 2 de dezembro, com a realização de conferências por setores, como a 6ª Conferência UNI Finanças, a 7ª Conferência UNI Américas Mulheres e a 6ª Conferência UNI Américas Juventude.

“Debatemos a organização dos jovens, das mulheres, do setor financeiro. Compusemos diversos comitês dentro dos comitês de UNI e elegemos o companheiro Márcio Monzane, Secretário Regional de UNI Américas”, destacou.

“Foram dias de muito aprendizado para todos os dirigentes, especialmente para os jovens. Compartilhamos nossas campanhas, nossas lutas, para romper barreiras e fortalecer a solidariedade e a esperança coletiva, nossas palavras de ordem nestas conferências. Nosso Sindicato participou ativamente de todos os debates, painéis, da defesa de moções... e voltamos para o Brasil mais fortalecidos, pois sabemos que nossa luta é internacional e estamos preparados!”, reforçou a dirigente.

Durante a 6ª Conferência Regional UNI Américas Finanças, que ocorreu nos dias 2 e 3, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, foi eleita presidenta da UNI Américas Finanças, e a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, comporá o comitê de Finanças e o comitê Regional da UNI Américas, na área 5, da qual os delegados do Brasil fazem parte.

Diversidade e igualdade de oportunidades

Os painéis deste sábado foram sobre respeito à diversidade, inclusão e igualdade de oportunidades para a promoção do trabalho decente.

A secretária de Organização e Suporte do Seeb/SP, Ana Beatriz Garbelini, fez uma exposição sobre a luta e as conquistas da entidade por um mundo mais justo e inclusivo para todos, em especial para as mulheres, para pessoas negras e para a população LGBTQIA+.

Ela destacou o fato de que a bandeira do movimento sindical bancário brasileiro pela inclusão de mulheres em postos de comando começa pelas próprias entidades e elencou alguns avanços na Convenção Coletiva de Trabaho (CCT) da categoria na questão de gênero: “Nossa Convenção conta com diversas cláusulas voltadas para a equidade de gênero, garantindo que os direitos das mulheres sejam efetivamente respeitados no ambiente de trabalho.”

Citou como avanços na pauta racial e na pauta LGBTQIA+, como a conquista de cláusulas na última CCT como a de repúdio a qualquer discriminação e a de garantia do uso do nome social de pessoas trans. E, ainda, a conquista de canal de apoio e denúncia de casos de discriminação, assédio moral e sexual, e a promoção de ações para mitigar desigualdades salariais.

“Essas conquistas são fruto de uma luta constante e de um compromisso que todos nós temos. Sabemos que é um caminho longo e que muitos desafios ainda persistem”, disse a dirigente, fazendo neste ponto de sua fala uma importante denúncia de ameaça aos direitos das mulheres brasileiras, que está em tramitação no Congresso, a PEC do aborto, que pretende criminalizar o aborto mesmo nos casos em que ele é permitido por lei: quando há risco de vida para a mulher ou quando a gestação é resultado de estupro.

“Criminalizar o aborto nessas condições significa obrigar mulheres e meninas a seguir com uma gestação forçada, agravando o trauma de uma violência sexual, colocando sua saúde e bem estar em risco. O Estado não deve decidir sobre nossos corpos”, destacou.

Desigualdades salariais

A ex-presidenta do Seeb/SP, Ivone Silva, atual presidenta do Instituto Lula, também participou do primeiro painel e falou sobre as desigualdades salariais entre homens e mulheres no país, que persistem apesar das ações positivas do atual governo, como a lei que estabelece salários iguais para as mesmas funções, sancionada em 2023.

“Houve um aprofundamento dessa desigualdade no governo Bolsonaro. Hoje, 39,9% das mulheres ocupadas ganham até um salário mínimo, e o problema é ainda maior quando se faz um recorte de gênero: 49,4% das mulheres negras recebem até um salário mínimo, enquanto que entre os homens brancos essa proporção é de 20,4%”, disse Ivone.

Novo Comitê Regional

A Conferência encerrou-se com a eleição do novo Comitê Regional UNI Américas, que ficará à frente da entidade pelos próximos quatro anos. O argentino Héctor Daer e o brasileiro Márcio Monzane – que é ex-diretor do Sindicato – foram reeleitos para, respectivamente, a presidência e a secretaria-geral da UNI Américas.

“Queremos que a UNI Américas siga sendo uma referência regional na defesa da democracia, e junto com vocês construiremos soluções a todos os desafios do presente, sempre mirando o futuro que desejamos. Essa esperança coletiva se constrói com o diálogo entre os veteranos e os mais jovens, uma esperança que sustentará nossa organização para enfrentar os desafios do mundo digital, das novas tecnologias, sem renunciar a direitos e dignidade”, disse Monzane em seu discurso de agradecimento.

A UNI Américas é o braço continental da UNI Global Union, sindicato mundial que representa 20 milhões de trabalhadores de serviço em todo o mundo, com centenas de organizações sindicais filiadas.

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