
Em 2024, os adoecimentos mentais se tornaram a principal causa de afastamentos na categoria bancária. A rotina profissional em bancos como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander é marcada por metas abusivas, assédio organizacional, pressão constante, sobrecarga e medo do desemprego. O resultado é o aumento alarmante de transtornos mentais como depressão, ansiedade, síndrome de burnout e outras doenças ocupacionais.
Diante deste quadro, foi realizada na quinta-feira (31), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), a audiência pública “Sob Pressão: O Desafio da Saúde Mental no Trabalho Bancário” (assista aqui na íntegra).
Representando os trabalhadores de Araraquara e região, participaram o diretor do Sindicato, Marcelo Fabiano Siqueira, e a diretora Rosângela Lorenzetti, que é também secretária de Saúde da Fetec-CUT/SP.


Rosângela Lorenzetti faz um balanço do encontro, que reuniu especialistas, sindicatos e parlamentares para denunciar o modelo de gestão tóxico dos bancos e cobrar soluções urgentes.
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, enfatizou que mesmo diante de inúmeros dados oficiais, pesquisas e estudos apresentados em todas as negociações sobre saúde, os bancos se recusam a reconhecer que os adoecimentos de ordem psicossocial são causados por um modelo de gestão focado principalmente no assédio moral para o cumprimento de metas abusivas.
A dirigente destacou que muitas das milhares de respostas da Consulta Nacional à categoria bancária em 2025 focaram “no sofrimento mental, no adoecimento de quem já se afastou, de quem está sofrendo em silêncio ou está aguentando, porque sabe que esse sofrimento é o que garante a sua sobrevivência enquanto estiver batendo a meta, aguentando o assédio, o chefe abusivo, a gestão abusiva [...] As pessoas querem trabalhar com dignidade, com tranquilidade, mas o ambiente é realmente adoecedor.”
Valeska Pincovai, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato de São Paulo e uma das coordenadoras da COE Itaú, expôs alguns números que reforçam o avanço do adoecimento mental nos bancos: no estado de São Paulo, em 2024, a categoria bancária foi responsável por 72,30% de todos os acidentes de trabalho por doenças mentais; e de 51,77% de todos os benefícios.
“Recentemente, por conta de pressão nos locais de trabalho, 45 bancários foram demitidos no Ceará por fraude em venda de consórcio. Esse é o desespero do trabalhador bancário, que tem de qualquer jeito bater a meta de venda. Então, se sujeita a qualquer negócio, muitas vezes a enganar uma pessoa para poder bater essa meta e não ser demitido”, denunciou Valeska.

Ampliação do diálogo com a sociedade e com os bancos
Por meio da sensibilização do parlamento e da ampliação do diálogo com a sociedade, o objetivo da audiência foi o de avançar em um diálogo sério com os bancos, pressionando por mudanças estruturais que garantam um ambiente de trabalho mais saudável e digno, na defesa da saúde mental de quem trabalha para o sistema financeiro.

Foram definidas algumas propostas e estratégias para combater o problema, como a formação de um grupo de trabalho para articular ações junto a altas esferas governamentais; e cobrar do Ministério do Trabalho o aumento das fiscalizações para o cumprimento da legislação trabalhista.
“Essa fiscalização ajudará a Fundacentro e o Ministério Público do Trabalho para que a gente possa, com as informações, fazer o que fizemos com a LER/Dort na década de 90: Não só garantir que a saúde mental esteja dentro das estruturas das NRs, mas que tenhamos legislação suficiente sobre este tema”, enfatizou o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, propositor da audiência pública na Alesp.
Neiva destacou também o lobby dos bancos no Congresso Nacional e no Judiciário para seguirem sem responsabilização pelos adoecimentos causados pela forma de gestão.

“Uma boa parte dessa legislação vai passar pelo Congresso Nacional para ser regulamentada. Nós temos 130 deputados e deputadas ligados ao mundo do trabalho ou que votariam por uma convenção favorável aos trabalhadores. O restante dos 513 na Câmara defendem o capital privado, o empresariado, os bancos. A gente precisa mudar também a configuração do Congresso Nacional”, salientou.
Compuseram a mesa da audiência pública, além de Luiz Cláudio Marcolino e Neiva Ribeiro, Ana Lúcia Ramos, secretária-geral da Fetec-CUT/SP; Mauro Salles, secretário de Saúde e Condições de Trabalho da Contraf-CUT; Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundacentro; Maria Leonor Poço Jakobsen, advogada especialista em direitos humanos; e Patrick Maia Merísio, Procurador do Trabalho.


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