Nos últimos dez anos, as instituições financeiras — incluindo Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander — enfrentaram um salto preocupante nos afastamentos por transtornos mentais. O total de casos registrados pelo INSS cresceu 168%, passando de 5.411, em 2014, para 14.525, em 2024. A situação é ainda mais crítica se considerada a redução de 88.165 postos de trabalho no mesmo período, quando o número de empregos bancários caiu de 512.186 para 424.021, segundo dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais).
A realidade nos bancos é marcada por metas cada vez mais agressivas, jornadas intensas e um ambiente de pressão constante, fatores que estão diretamente ligados ao adoecimento mental dos trabalhadores. Dentre os diagnósticos mais frequentes estão transtornos de ansiedade (34,5%), estresse intenso e dificuldades de adaptação (24,8%), episódios depressivos (24,1%) e quadros de depressão recorrente (11,2%).
Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab) e reforçam a importância do debate sobre saúde laboral, especialmente no contexto do Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes de Trabalho, celebrado no último domingo, 27 de julho.
Apesar do avanço de diagnósticos e afastamentos, os bancos continuam a rejeitar a associação entre os métodos de gestão e o crescimento dos transtornos psíquicos. A negação dessa realidade por parte das instituições contribui para a manutenção de práticas nocivas, como a imposição de metas desproporcionais e o uso sistemático do assédio como ferramenta de gestão.
O problema não está restrito a uma ou outra empresa, mas se tornou parte da cultura organizacional do setor. Diariamente, trabalhadores relatam vivenciar ambientes hostis, onde o estresse é permanente e as ameaças fazem parte da rotina. Essa lógica produtivista, além de desumanizar os profissionais, também prejudica os próprios clientes, que muitas vezes são levados a contratar produtos financeiros de que não precisam, apenas para que o funcionário alcance os índices de vendas exigidos.
Comparando com o conjunto das demais profissões, o ritmo de crescimento dos afastamentos por doenças mentais nos bancos é superior: o total de benefícios concedidos por esse motivo a todas as categorias profissionais passou de 221.127 para 471.649 entre 2014 e 2024 — um aumento de 113%.
Esse panorama se insere em um contexto ainda mais amplo e preocupante: entre 2012 e 2022, o país notificou 6.774.543 acidentes de trabalho em todas as ocupações, com 25.492 mortes registradas no período. Estima-se que, em decorrência de afastamentos acidentários, mais de 461 milhões de dias de trabalho foram perdidos, gerando um custo superior a R$ 136 bilhões em pagamentos de benefícios por parte do INSS.
Os afastamentos por doenças psíquicas nos bancos já representam a maior parte das licenças concedidas no setor. Esse dado reforça a necessidade de mudanças estruturais nas condições de trabalho e nas políticas de gestão de pessoas. Para especialistas, medidas como a redução da jornada semanal, metas mais humanas e respeito ao tempo de descanso são essenciais para conter o adoecimento da categoria.
O discurso institucional das empresas, por outro lado, segue na contramão da realidade. Programas de "bem-estar corporativo" são implementados sem enfrentar as causas reais dos problemas: a sobrecarga, o assédio moral, o desrespeito aos limites humanos.
Para o Sindicato dos Bancários de Araraquara e região, cuidar da saúde mental requer atitudes efetivas por parte das instituições financeiras e o entendimento de que os bancários não são peças descartáveis.
“O setor financeiro precisa compreender, com urgência, que saúde mental se trata com transformações profundas na maneira como os trabalhadores são conduzidos no ambiente profissional. Isso exige mudanças estruturais na gestão e no sistema de metas adotado pelos bancos. Seguiremos firmes, atentos e mobilizados na luta pela valorização, integridade e qualidade de vida de cada bancário e bancária, até que os bancos adotem uma postura institucional que priorize o respeito aos seus trabalhadores”, afirma André Luiz de Souza, secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato.
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