A 27ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP realizada no último sábado (16), no centro histórico de São Paulo, contou com a presença de mais de 300 delegados de toda a base da federação, além lideranças sindicais, políticas e palestrantes.
Bancárias e bancários de Araraquara e região estiveram representados no evento pela diretoria do Sindicato. Participaram o presidente da entidade, Paulo Roberto Redondo (Paulinho); a secretária geral, Andréia C. de Campos; e os diretores André Luiz de Souza; Paulo Vicente Fernandes; Marcelo Fabiano Siqueira; Rosângela Lorenzetti; Bruno de Oliveira; Samira Fernandes Borghi; Paula Ângela Maria Mingates; e Carla C. Affonso das Mercês Dias.
“Saímos desse evento com a convicção de que estamos no caminho certo, debatendo e aprovando propostas que respondem aos desafios atuais e apontam para um futuro mais justo. Defendemos a soberania nacional frente às ofensivas externas e reafirmamos que a economia precisa estar a serviço da população. O plano de lutas aprovado contempla bandeiras essenciais: a redução da jornada, a taxação progressiva, a valorização dos bancos públicos e a regulação financeira. Foi um espaço de troca intensa e de fortalecimento coletivo, e levaremos esse conjunto de decisões para a 27ª Conferência Nacional dos Bancários”, destacou Paulinho.
Aline Molina, presidenta da FETEC-CUT/SP, abriu a Conferência ao lado dos presidentes dos 14 sindicatos filiados à Federação, destacando o ataque à soberania brasileira e o quanto a luta dos trabalhadores bancários tem sido importante em defesa do Brasil e da democracia.
“Vivemos um ataque grave à soberania nacional e sabemos quais interesses estão por trás. O Brasil, rico em minerais e biodiversidade, é alvo da cobiça imperialista: Trump quer transformar o país em colônia e os bilionários brasileiros aplaudem. O que presenciamos é a luta de classes em curso. Por isso, os debates desta conferência e nossa organização coletiva tornam-se ainda mais urgentes.”
Aline também defendeu a força de organização e luta dos bancários. “Nossa categoria conhece o valor dessa luta, por ser protagonista na defesa dos direitos trabalhistas, das liberdades democráticas e da justiça social no Brasil. Temos clareza: não existe democracia sólida sem soberania nacional, assim como não há soberania sem um povo organizado, consciente e mobilizado para defendê-la.”
“Debatemos hoje questões fundamentais e importantíssimas neste momento de ataques dos EUA e da extrema direita ao Brasil. O plano de lutas aprovado por nós reforça a defesa da nossa soberania; a necessidade de que a tecnologia esteja a serviço de toda a sociedade e não apenas do lucro”, disse Neiva Ribeiro, presidenta do Seeb/SP.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, criticou a aliança e apoio dos políticos de extrema direita aos ataques de Trump ao Brasil e reafirmou o compromisso da classe trabalhadora com a soberania e o desenvolvimento do país. “Não podemos aceitar a interferência dos EUA no nosso país”, afirmou a dirigente, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
A Conferência aprovou seu Plano de Lutas por unanimidade. De acordo com Ana Lúcia Ramos Pinto, secretária geral da Federação, o plano está estruturado em eixos centrais.
“Nosso plano tem como foco principal a defesa da soberania e da democracia; a proteção e garantia dos empregos diante dos avanços da AI, o fortalecimento dos bancos públicos, a regulamentação do sistema financeiro, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, o enfrentamento à terceirização e à pejotização no setor a construção de estratégias de formação da classe trabalhadora e o fortalecimento da nossa comunicação, em especial nas redes sociais”.
Colonialismo digital
Na primeira mesa sobre conjuntura e inteligência artificial o professor doutor Sérgio Amadeu, cientista político, destacou que a IA não pode ser vista como um simples software, mas como uma megaestrutura de data centers que consome enormes quantidades de energia e água, gerando um impacto ambiental já superior ao da aviação civil.
Ele explica que a inteligência artificial funciona a partir da coleta massiva de dados e de modelos estatísticos capazes de identificar padrões, mas que, para isso, depende da extração de informações em escala global, em grande parte sem consentimento.
“Essa dinâmica reforça um colonialismo digital em que as bigtechs se apropriam de dados dos brasileiros, das universidades, escolas e até das plataformas governamentais, comprometendo a soberania do país”.
Do ponto de vista do trabalho, Amadeu alerta que cerca de 40% dos postos no Brasil já estão sendo afetados pela automação. “As transformações não atingem apenas funções simples, mas sobretudo atividades de cognição média, o que aumenta a produtividade sem reduzir as jornadas e acaba resultando em precarização, sobrecarga e eliminação de empregos”.
Novas pautas do movimento sindical
Para enfrentar esse cenário, o professor defende que o movimento sindical assuma novas pautas, como a participação nas decisões sobre implementação de tecnologias, a negociação coletiva envolvendo algoritmos e a exigência de relatórios de impacto ambiental e trabalhista.
Racismo digital
Amadeu também chamou atenção para os vieses embutidos nos sistemas de inteligência artificial, que reproduzem e ampliam desigualdades históricas, como a exclusão de mulheres em processos seletivos e a discriminação racial em algoritmos de justiça. Para ele, é urgente que o Brasil construa uma agenda de soberania digital, com infraestrutura própria, datacenters comunitários e soluções cooperativas de baixo impacto ambiental.
“Nossos dados são nossa herança. Precisamos romper o colonialismo digital e construir soberania tecnológica com inteligência coletiva”, afirmou.
Nas ruas e nas redes
Don Ernesto, jornalista e apresentador, participou da mesa abordando o ataque à soberania nacional e disse que o presidente Lula tem tido um papel heroico nesse processo.
Ele também destacou a importância da comunicação do movimento sindical nessa luta. “Precisamos estar nas ruas e nas redes para que a extrema-direita jamais volte a governar o país e destrua nosso projeto de justiça social”.
A segunda mesa apresentou o recorte estadual da Consulta Nacional dos Bancários.
> Confira detalhes aqui.
A primeira parte do evento foi encerrada com a exibição de um vídeo em homenagem aos dirigentes e bancários falecidos entre agosto de 2024 e agosto de 2026.
Revista celebra 35 anos da FETEC-CUT/SP
No período da tarde, a direção da Federação lançou a revista comemorativa dos 35 anos da entidade.
Segundo Willame Lavor, secretário de Comunicação da entidade, a publicação resgata toda a trajetória da FETEC-CUT/SP, desde sua fundação em 1989, quatro anos após a redemocratização do país. O material destaca a atuação dos presidentes, desde Augusto Campos até a eleição de Aline Molina, primeira mulher a assumir a presidência da maior federação de bancários do Brasil, além de valorizar a importância dos 14 sindicatos que compõem sua base.
A Conferência também recebeu o historiador e comediante Matheus Buente, fenômeno nas redes sociais, que apresentou um pocket show trazendo uma leitura crítica da conjuntura nacional com muito humor e irreverência.
“Pra onde vai a esquerda?”
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) participou da Conferência para lançar o livro “Pra onde vai a esquerda” que foi sorteado entre os participantes do evento.
O deputado ressaltou a importância do próximo ano, marcado pelas eleições e pela campanha salarial dos bancários. Ele também destacou os ataques à soberania nacional e a necessidade de ampliar as redes de mobilização para além do movimento sindical, com o fortalecimento do trabalho de base em diferentes frentes.
Boulos ressaltou o papel central do presidente Lula, cuja postura firme diante de figuras como Donald Trump tem sido reconhecida internacionalmente. “A soberania brasileira não está em negociação. Precisamos transformar isso em sentimento e movimento no país”, afirmou.
O deputado lembrou ainda o simbolismo de Lula, a maior liderança popular do Brasil, levantar uma faixa em defesa da taxação dos super-ricos, tema que deve ser pauta prioritária em 2026. Para Boulos, a defesa da soberania aliada à luta contra e a escala 6 x1 e por justiça fiscal será decisiva para garantir quatro anos fundamentais na consolidação da esquerda e na ampliação da capacidade de disputa política no país.
Kits da Campanha de Sindicalização
A direção da FETEC-CUT/SP realizou ainda o sorteio de um kit da Campanha de Sindicalização, composto por uma caixa de vinho com rótulo comemorativo aos 35 anos da federação e exemplares da Revista especial de 35 anos da entidade.
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