Em negociação com a Comissão de Organização dos Empregados (COE), o Santander não apresentou respostas razoáveis e muito menos soluções para problemas detalhados em uma pauta em posse do banco desde o dia 22 de junho.
Na reunião realizada virtualmente na tarde de quarta-feira (4), os representantes dos trabalhadores cobraram mais contratações, respostas para descontos relacionados à gastos nos plano de saúde feitos diretamente na conta corrente dos bancários, retorno ao trabalho presencial e utilização do WhatsApp Business.
Mais contratações
A COE, que representa os trabalhadores nas negociações frente ao banco, enfatizou a urgência de mais contratações, devido ao grave quadro de sobrecarga de trabalho causado por falta de funcionários.
Foi enfatizado que os lucros do banco aumentam a cada período, assim como a carteira de clientes. Em contrapartida, o número de bancários está sendo reduzido – pela primeira vez desde 2012 o Santander possui menos de 45 mil empregados –, em um contexto de aumento de pressão pelo cumprimento de metas abusivas para obtenção de lucros cada vez maiores, o que está resultando em uma epidemia de adoecimentos relacionados ao trabalho.
O Santander alegou que promoveu duas mil contratações. O número foi questionado porque o último balanço do banco mostra que houve apenas 78 contratações no semestre.
“Essas duas mil contratações, se realmente ocorreram, foram de trabalhadores terceirizados e não de bancários. Ou seja, o Santander está fatiando trabalhadores por categorias, retirando direitos, e precarizando cada vez mais o trabalho. E é revoltante o banco alegar, em mesa de negociação, que a automatização e a mudança de processos internos dentro nas agências resultou em redução de trabalho para os bancários, porque não é isso que constatamos diariamente. As agências estão lotadas e os trabalhadores estão sobrecarregados e cada vez mais adoecidos”, afirma Lucimara Malaquias, coordenadora da COE Santander.
Assistência médica para trabalhadores afastados
Muitos trabalhadores têm procurado os sindicatos porque o Santander passou a fazer o desconto do convênio médico em conta corrente, e não em folha de pagamento. O banco alegou que isso só ocorre quando não há saldo na folha de pagamento, e que, no seu entendimento, sempre que utilizado, o convênio médico precisa ser pago. ou seja, é uma relação de consumo.
A COE respondeu que esses trabalhadores já se encontram em uma situação extremamente delicada causada pela doença, e enfatizou que utilizar o convênio médico não é uma opção.
Os trabalhadores são obrigados recorrer ao plano de saúde. É uma situação que está acima da escolha e é justamente nestes momentos da vida que eles mais utilizam o convênio médico. Também afirmou que, ao contrário do trabalhador, o banco tem totais condições de arcar com esse custo durante o afastamento sem complementação, e só efetuar os descontos quando o trabalhador retornar ao trabalho, com os devidos parcelamentos que facilitem a vida do trabalhador.
“O argumento aqui é humanitário. O trabalhador está adoecido, na grande maioria das vezes por causa do trabalho exercido no banco. Portanto, o banco tem responsabilidade e total condição financeira de ajudar o trabalhador nesse momento”, afirma Lucimara.
O banco alega que é responsabilidade do funcionário prever este custo e, portanto, ter dinheiro em conta para efetuar esse pagamento. Os representantes dos trabalhadores discordaram da justificativa. O RH se comprometeu a retomar discussão interna no banco e dar uma resposta sobre este tema nos próximos dias.
Retorno ao trabalho presencial
O Santander informa que, a partir da segunda quinzena de agosto, fará o retorno gradual dos trabalhadores para atividades presenciais. Permanecerão em casa os trabalhadores de maior risco, mesmo os que tiverem sido vacinados com as duas doses da vacina contra o novo coronavírus.
Os representantes do banco disseram que não é possível informar o percentual de retorno presencial agora, porque o número pode variar muito, considerando as condições de cada área e a necessidade do trabalho presencial. O Santander se comprometeu a levar em consideração casos de pais e mães cujos filhos ainda não tenham retornado para a escola, além de outras questões de mobilidade.
A COE discordou do retorno presencial tencionado pelo banco, pois entende que é um risco grande para todos os envolvidos, já que, mesmo quem tenha tomado as duas doses, poderá não estar imunizado, ou contaminar outras pessoas. Foi enfatizado que a variante delta, mais transmissível, em alguns estados já responde por 45% das contaminações, o que causa muita preocupação.
Essa discussão será retomada entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, mas a COE já ressaltou ao Santander o risco que o banco assume ao obrigar os trabalhadores ao retorno presencial. E reforçou que, mais uma vez, a empresa não ouve o movimento sindical e nem os trabalhadores, que também expressam grande preocupação com o retorno presencial.
“Ou seja, o banco ignora os riscos e preocupações e coloca esses trabalhadores em uma situação de risco permanente, quando nós sabemos que o trabalho remoto está funcionando muito bem”, afirma Lucimara.
WhatsApp Business
O Santander informou que está proibida a utilização do aplicativo WhatsApp Business para tratar de assuntos relacionados ao banco, devido a uma questão de segurança da informação. Também informou que o número de telefone fixo da mesa, que antes era no banco, agora foi transferido para os notebooks e computadores, e que disponibilizou um guia com orientações para utilização do WhatsApp, disponível na academia do Santander, para o caso de o bancário utilizar o aplicativo para conversas com o cliente.
A COE, contudo, recomenda que os bancários não utilizem os WhatsApp para conversar com o cliente, porque isso envolve segurança da informação e uma porção de questões que podem resultar em responsabilização do trabalhador.
Diante dos riscos, a COE orienta que os bancários utilizem apenas os canais institucionais disponibilizados pelo Santander. Caso o gestor continue pressionando para que faça atendimento pelo WhatsApp pessoal, ou para que permaneça utilizando o WhatsApp Business, os bancários devem denunciar ao Sindicato, que irá informar o RH para que oriente o gestor. A identidade do bancário que fizer a denúncia será mantida em sigilo.
“Essa pauta foi encaminhada ao banco no dia 22 de julho. O banco desmarcou negociação em duas ocasiões e hoje, finalmente, vem para a mesa de negociação sem respostas concretas e principalmente sem apresentar contrapropostas para os problemas colocados. Ele simplesmente nega que existe uma situação de insatisfação dos trabalhadores. O RH do banco continua pintando um quadro que não existe na realidade e que está cada vez mais distante da realidade dos trabalhadores. É um desrespeito com o movimento sindical e é um desrespeito com os trabalhadores que cada vez mais abandone a via negocial”, protesta Lucimara Malaquias.
A dirigente lembra da sentença que condenou o banco em R$ 50 milhões de reais por demissões na pandemia e por condutas antissindicais. No despacho, o juiz da 60ª Vara do Trabalho de SP, Jeronimo Azambuja Franco Neto, mencionou a obra Trabalhadores do mundo: Ensaios para uma História Global do Trabalho, do historiador holandês Marcel Van Der Linden.
“Nessa obra, a classe trabalhadora é definida por uma força centrípeta cuja base central para caracterização da subalternidade é definida pela ‘mercantilização coagida de sua força de trabalho’. A atuação sindical e a negociação coletiva são inversamente proporcionais à coação mercantilista: quanto menos atuação sindical e negociação coletiva, maior será a coação mercantilista – como no exemplo do trabalho escravizado.”
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