
A bancária Cibele Lopes, empregada da Caixa Econômica Federal, foi vítima de um ato racista cometido por uma cliente, dentro da agência Boa Vista, no Recife. O Sindicato dos Bancários de Pernambuco se solidarizou com ela e acionou a assessoria jurídica para representá-la. Em desabafo, Cibele disse que “só sabe a dor quem passa. Sou uma mulher negra e sofro muito preconceito”.
De acordo com a bancária e testemunhas, no dia 29 de junho, uma cliente, que atua como advogada, proferiu palavras carregadas de preconceito racial a Cibele, enquanto ela fazia suas tarefas no banco. O comentário ofensivo e discriminatório se referia a seu cabelo.
A bancária registou Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes e teve o testemunho de colegas e do cliente que estava atendendo. A assessoria jurídica do Sindicato acompanhou o depoimento e orientou a bancária no registro do crime.
“Não é a primeira vez que eu preciso do Sindicato, e todas as vezes sempre recebi muito apoio. O advogado foi para a delegacia para me acompanhar, ficou comigo até concluir tudo. O apoio que recebi foi muito importante para não ficar com medo, não me sentir sozinha”, afirmou Cibele.
Racismo é crime
O secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, observou que os casos de preconceito, na sociedade e no mercado de trabalho, têm ocorrido com muita frequência, o que se agravou como consequência da postura racista do governo anterior. “Por isso, é fundamental combater toda a forma de preconceito, seja através da contratação de negros e negras nos bancos, mas também com reações contrárias a essas atitudes racistas que percebemos no dia a dia”, afirmou.
O secretário disse que foi importante a iniciativa da bancária de procurar o Sindicato de Pernambuco, exemplo a ser seguido. “É fundamental também fazer a denúncia pública, além de registrar queixa na delegacia. São formas de avançar na luta antirracista e, principalmente, fazer cumprir a Lei 14.532, assinada em janeiro pelo presidente Lula, que equipara a injúria racial ao crime de racismo, que pode levar à prisão”, lembrou.
Almir também frisou que a sociedade tem de usar todas as formas para conter estes atos racistas. “A Contraf-CUT se solidariza com a bancária e coloca a sua estrutura à disposição para ajudá-la no que for preciso”, afirmou.
Cliente foi detida
“Essa situação é algo que se repete, não é um fato isolado. Não especificamente sobre o meu cabelo, mas como eu sou uma mulher negra, muitas vezes as pessoas não acham que eu sou gerente ou empregada da Caixa. Por isso, faço questão de usar sempre o crachá. Já deixei passar outras vezes, mas agora não. Desta vez, eu decidi denunciar para que a pessoa pague pelo que ela falou. Chamei a polícia, a viatura chegou rapidamente na agência e ela foi autuada e detida. Eu tive apoio das pessoas que estavam ao meu redor, que falaram para essa pessoa que isso é racismo. O apoio dos colegas da agência foi o que me fez dizer ‘não, não vou me calar desta vez’”, relatou Cibele.
A bancária disse ter decidido denunciar o caso por se sentir fortalecida por esta rede de apoio e pensar que outras pessoas, que passam pela mesma situação, muitas vezes não têm como se defender e chegam a acreditar nas ofensas proferidas por pessoas racistas. “Muita gente escuta essas ofensas e acredita no que essas pessoas dizem. Eu nunca acreditei que eu não poderia por conta da minha cor. Acho que agora ela vai pensar duas vezes antes de ofender qualquer pessoa”, completou.

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